Afro Bio
Biografia a ser lançada no Brasil e musical retomam trajetória do nigeriano Fela Kuti, artista e ativista criador do afrobeat
Fela Kuti em show com a banda Egypt 80, em foto sem data
RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Carlos Moore, 69, cientista político e etnólogo, chegou à Nigéria em 1974, quando era um jovem jornalista cubano exilado na França.
Foi a convite do governo para trabalhar no Festival Mundial das Artes Negras. Logo na primeira semana, no entanto, foi seduzido por uma força tida como revolucionária: a música de Fela Kuti (1938-1997).
Sua relação com o compositor e ativista rendeu atritos com o governo nigeriano e culminou com sua expulsão do país após poucos meses.
Mas a amizade com Fela, que nasceu ali, se fortaleceu ao longo dos anos e permitiu que Moore conseguisse relatar, em livro, a história e as ideias do artista.
A biografia "Fela - Esta Vida Puta" foi lançada originalmente em francês em 1982 e, pouco depois, ganhou versão em inglês. Neste mês, o livro será lançado em português, com prefácio de Gilberto Gil, pela editora Nandyala.
Em São Paulo, o lançamento acontece no dia 25 de junho, na Matilha Cultural (r. Rêgo Freitas, 542), em evento com show em homenagem a Fela da banda Bixiga 70 e com a presença de Moore, que vive em Salvador há dez anos.
Biógrafo processa a produção do musical "Fela!"
Espetáculo da Broadway, inspirado na biografia do artista nigeriano, deve ganhar adaptação no cinema
Carlos Moore, autor do livro, foi autorizado por Fela a escrever apenas depois da morte da mãe dele, durante fase difícil
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Desde o fim do ano passado, Carlos Moore está processando a produção do musical "Fela!" por incorporar elementos-chave de seu livro, além de diálogos.
Com investimento do rapper Jay-Z, a peça levou três prêmios Tony em 2010, o Oscar do teatro nos EUA. Teve passagens bem-sucedidas pela Broadway, por Londres e pela própria Nigéria.
Agora, fala-se em adaptação para o cinema.
Moore reivindica crédito a sua biografia, já que o processo, de tão íntimo, é autoral em diversos aspectos. "Ele me autorizou a escrever em primeira pessoa", lembra o autor, em entrevista àFolha, em São Paulo.
"Eu disse a ele: "Eu te conheço bem. Posso falar como tu. Integrar as tuas palavras e contar esta história"."
Daí que nomes, entidades, situações e palavras do livro são de Moore sobre Fela.
"Nossa relação era política e fraterna", explica. "Era muito forte, havia realmente um amor muito grande. Especialmente porque ele estava sempre ameaçado, e eu tinha esse temor de que ele fosse morto."
Moore conta que, desde o início, disse a Fela que era preciso colocar as coisas que dizia em um livro. "Mas ele respondia que isso estava errado", revela.
"Ele dizia: "Isso está nas minhas canções, está indo da minha boca para a orelha do povo, e o povo está entendendo"." Segundo Moore, para Fela, livros era "coisa de branco. Nossa cultura africana é oral."
PRONTO PARA ESCREVER
Foi alguns anos depois, numa fase complicada da vida de Fela -que havia perdido a mãe e estava contemplando o suicídio-, que o músico procurou Moore para que viesse "imediatamente" e pronto para escrever.
Durante semanas, Moore ouviu Fela falar sobre tudo: ideias, visões políticas, confissões pessoais, idiossincrasias e "insights".
O livro registra esse furacão de pensamentos, de ideias ora brilhantes, ora equivocadas, um fluxo de consciência de um artista que não parava de criar e que impunha como poucos sua música e verve política.
(RONALDO EVANGELISTA)
RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Carlos Moore, 69, cientista político e etnólogo, chegou à Nigéria em 1974, quando era um jovem jornalista cubano exilado na França.
Foi a convite do governo para trabalhar no Festival Mundial das Artes Negras. Logo na primeira semana, no entanto, foi seduzido por uma força tida como revolucionária: a música de Fela Kuti (1938-1997).
Sua relação com o compositor e ativista rendeu atritos com o governo nigeriano e culminou com sua expulsão do país após poucos meses.
Mas a amizade com Fela, que nasceu ali, se fortaleceu ao longo dos anos e permitiu que Moore conseguisse relatar, em livro, a história e as ideias do artista.
A biografia "Fela - Esta Vida Puta" foi lançada originalmente em francês em 1982 e, pouco depois, ganhou versão em inglês. Neste mês, o livro será lançado em português, com prefácio de Gilberto Gil, pela editora Nandyala.
Em São Paulo, o lançamento acontece no dia 25 de junho, na Matilha Cultural (r. Rêgo Freitas, 542), em evento com show em homenagem a Fela da banda Bixiga 70 e com a presença de Moore, que vive em Salvador há dez anos.
Biógrafo processa a produção do musical "Fela!"
Espetáculo da Broadway, inspirado na biografia do artista nigeriano, deve ganhar adaptação no cinema
Carlos Moore, autor do livro, foi autorizado por Fela a escrever apenas depois da morte da mãe dele, durante fase difícil
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Desde o fim do ano passado, Carlos Moore está processando a produção do musical "Fela!" por incorporar elementos-chave de seu livro, além de diálogos.
Com investimento do rapper Jay-Z, a peça levou três prêmios Tony em 2010, o Oscar do teatro nos EUA. Teve passagens bem-sucedidas pela Broadway, por Londres e pela própria Nigéria.
Agora, fala-se em adaptação para o cinema.
Moore reivindica crédito a sua biografia, já que o processo, de tão íntimo, é autoral em diversos aspectos. "Ele me autorizou a escrever em primeira pessoa", lembra o autor, em entrevista àFolha, em São Paulo.
"Eu disse a ele: "Eu te conheço bem. Posso falar como tu. Integrar as tuas palavras e contar esta história"."
Daí que nomes, entidades, situações e palavras do livro são de Moore sobre Fela.
"Nossa relação era política e fraterna", explica. "Era muito forte, havia realmente um amor muito grande. Especialmente porque ele estava sempre ameaçado, e eu tinha esse temor de que ele fosse morto."
Moore conta que, desde o início, disse a Fela que era preciso colocar as coisas que dizia em um livro. "Mas ele respondia que isso estava errado", revela.
"Ele dizia: "Isso está nas minhas canções, está indo da minha boca para a orelha do povo, e o povo está entendendo"." Segundo Moore, para Fela, livros era "coisa de branco. Nossa cultura africana é oral."
PRONTO PARA ESCREVER
Foi alguns anos depois, numa fase complicada da vida de Fela -que havia perdido a mãe e estava contemplando o suicídio-, que o músico procurou Moore para que viesse "imediatamente" e pronto para escrever.
Durante semanas, Moore ouviu Fela falar sobre tudo: ideias, visões políticas, confissões pessoais, idiossincrasias e "insights".
O livro registra esse furacão de pensamentos, de ideias ora brilhantes, ora equivocadas, um fluxo de consciência de um artista que não parava de criar e que impunha como poucos sua música e verve política.
(RONALDO EVANGELISTA)
RAIO-XFELA KUTI
VIDA
Saxofonista, pianista, cantor e ativista nigeriano, nasceu em 1938 e morreu em 1997, em consequência da Aids. Usou a música para protestar contra o governo militar da Nigéria e criou uma sociedade alternativas em Lagos, a República Kalakuta
CARREIRA
Criador do gênero afrobeat, lançou mais de 70 discos
MÚSICA
Mistura de blues americano, jazz e funk com música africana iorubá. Deixou o legado artístico para os filhos, os músicos Femi e Seun
VIDA
Saxofonista, pianista, cantor e ativista nigeriano, nasceu em 1938 e morreu em 1997, em consequência da Aids. Usou a música para protestar contra o governo militar da Nigéria e criou uma sociedade alternativas em Lagos, a República Kalakuta
CARREIRA
Criador do gênero afrobeat, lançou mais de 70 discos
MÚSICA
Mistura de blues americano, jazz e funk com música africana iorubá. Deixou o legado artístico para os filhos, os músicos Femi e Seun
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